Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Revestindo nosso "esqueleto espiritual" ou enfraquecendo com a fuga?

Carne e sangue. Comida e água. Oração e bíblia. Será que há ligação entre estas palavras? Ouso dizer que uma liga a outra, ou melhor, cada dupla destes elementos se misturam magnificamente.

Tenho uma proposta: pense comigo, mesmo que de maneira infantilizada a respeito de como o corpo humano é revestido. Visualize agora este corpo como sendo um esqueleto humano.  De maneira grosseira, este esqueleto é revestido por carne. E internamente a esta carne, há sangue. Podemos perceber que Jesus no livro de João é descrito como pão da vida, o qual nos ensina  que não teremos fome nem sentiremos sede se Dele comermos e bebermos. Ou seja, enquanto dou forma ao meu "esqueleto espiritual", ele é revestido da carne, que é a palavra de Deus; e de líquido, que é a presença do Espírito Santo que me é revelada em oração. 

Deus te formou e te planejou antes da formação do mundo. Sonhou contigo antes de ser formado no ventre da tua mãe. Jesus quer dar a comida e a bebida que nenhum pão e nenhuma água podem te entregar. 

E então, como está o "revestimento" do seu "esqueleto espiritual"? Está carregado de si mesmo ou de Deus? A partir da análise deste revestimento é que você pode ver como realmente é. Esta é a revelação de sua imagem e semelhança perante o divino, que Dele pode tanto se aproximar e se moldar, quanto se afastar e se deformar.

Sabe como você pode se afastar de si mesmo, e nem sequer se entender? Quando se torna este sujeito desconhecidos, que não ora nem busca a leitura da Bíblia e como quem se perde de si mesmo, você se perde da sua real essência. 

Volte-se! Busque-se! Se você é cristão, sabe onde há comida e bebida pra isso, e quem sabe hoje, novamente você se reconcilie e se reconheça.

Desde criança, sempre me preocupei com esta busca sobre mim mesma. Mas quantas vezes me perdi e só me encontrei ao novamente contemplar a cruz para somente desta forma refazer meu cardápio espiritual perante a Palavra e a oração. 

Há uma música do Cartola, um compositor popular que em seu trecho diz "deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar". Todos nós precisamos nos encontrar e nossa alma anseia por isto. Muitos saem procurando, mas a maioria não encontra, porque buscam em lugares errados. E como quem não quer mais sofrer, muitos saem de cena a procura de um novo ambiente, pra quem sabe encontrarem a si mesmos.

Há muitos cristãos que conhecem o real encontro da sua essência, mas ainda assim saem de si para se procurar em outros lugares. Não adianta, vão se perder ainda mais. Pra que teimar com aquele que habita dentro de ti?

Se você é cristão, já sabe onde buscar, porque já encontrou. Então pare de se procurar em lugares errados! Mais uma vez o Espírito Santo te diz: VOLTE-ME! Você sabe que seu retorno a Ele é também o retorno de si mesmo. Está na hora deste reencontro, até quando vai fugir? 


Juliana Bumbeer

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

As batalhas do preguiçoso

Se a preguiça é falta de objetividade, posso ser esforçada sem ser assertiva, o que acaba me fazendo uma preguiçosa muito batalhadora. Que luta as batalhas das novas possibilidades, mas não as batalhas com força de objetividade.

Então devo não ser só preguiçosa, mas uma louca preguiçosa!  Trabalho intensamente, mas às vezes sem clareza ou objetividade, o que anula grande parte deste esforço. E assim disfarço minha preguiça, medo que tenho em ser assertiva, de fazer algo com clareza, objetividade e maestria. Melhor me esconder nesta mediocridade e ir fazendo as coisas superficialmente, mas ainda assim, muito esforçada, como é o caso de estar escrevendo este texto. 

Agora mesmo me pergunto: pra que este blog? Pra que este texto? Mas ainda assim, eu insisto, e me insisto, e por ainda assim, ser muito esforçada, disfarço-me. É por isto que este pecado é tão perigoso, ele se anula. Ou seja, preguiça não anula apenas os afazeres assertivos, mas também ao próprio preguiçoso que muitas vezes se esconde no seu emaranhado de afazeres desfocados. Desinteressados ao que deveria ser do interesse deste preguiçoso. Mas por este sujeito se o que ele é, não faz. Ou protela. Procrastina e não vê a si mesmo, perdendo inúmeras possibilidades. 

Mas continuo declarando-me preguiçosa. Insisto neste pecado. Delicio-me nele e e neste pensamento desfocado que se alimenta de vazios e sai por aí fazendo e desfazendo coisas. Infelizmente existe um glamour em se esforçar preguiçosamente, em ser esta forma disfarçada, mas ainda assim, intensa e insuportavelmente preguiçosa. Quem me conhece, que me aguente... Ou não!


Juliana Bumbeer



domingo, 20 de setembro de 2015

O ser pelo ser: uma breve análise de Mateus 6:33

Que a preocupação do “ter” por parte da maioria das pessoas, todos nós sabemos. Mas também há o desejo do ser, na preocupação pelo ter. Muitos desejamos ser, para que nesta essência, consigamos receber algo. Até mesmo o conhecido versículo bíblico de Mateus 6:33 “buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas” nos dá margem, diante do egocentrismo, de uma má interpretação. Porque eu busco ser para ter, e quero que Deus, na bondade da minha essência, me acrescente as “outras coisas”, as quais julgo tão necessárias. E mesmo que eu queira a essência, ela é carregada do desejo das recompensas e do que virá depois, quando eu me tornar este sujeito digno para ter todas as outras coisas acrescentadas em minha vida. E estas coisas podem inclusive serem legítimas, mas humanamente legítimas, porque até mesmo  minhas maiores e melhores bondades não passam de trapos de imundícia. 
Realmente, antes do milagre do ser, a dádiva do querer ser para simplesmente ser, sem se preocupar em ter, é que torna a mim mesma, o meu grande milagre. E é deste que eu quero. Quero? Novamente, o verbo querer está em minha boca e eu volto a querer, e não a ter. Percebe como esta relação é difícil? Até mesmo em nosso discurso, quando dizemos em ser, acrescentamos o verbo ter.
Ser e ter, relação complexa e irreconciliável, porque se o ter é uma consequência do ser, o ser é por si só, sem a necessidade de palco. Mas minha essência muitas vezes se revela pela aparência e eu quero pelo querer e continuo querendo, com o fim apenas na aparência . É por isso que nunca consigo me saciar.
Se eu busco ser, é para poder, é pra ter algo, e muitas vezes uso a própria bíblia pra me justificar. Do elemento central deste versículo de Mateus 6:33 que me ensina ser, eu dele me utilizo para ter, e ainda espero em Deus que “minhas outras coisas me sejam acrescentadas”, e é assim que o ter, mesmo que me ensine a ser é que virou o foco deste texto bíblico. 
Estou na busca, continuo me buscando. E nesta peregrinação por mim mesma, ser. Sem assim, querer ser, mas somente ser. Sem me preocupar com o que será depois do ser. Sem desejar ser para ter. Mas simplesmente ser.

Ser,  para ser.

Juliana Bumbeer 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A máscara da preguiça

Engraçado como a preguiça muitas vezes parece menos perigosa que outros pecados capitais. E este pecado, além da gula, são os que ultimamente tenho me dedicado em analisar, esmiuçando-os nas suas várias possibilidades, quem sabe para me auto analisar, pois são meus pecados favoritos!

É como se a sociedade naturalmente nos perdoasse quando nos damos ao direito de não querer fazer ou agir em determinadas circunstancias. Como se nos déssemos o direito a um "bônus", diante de tanto caos e estresse que passamos nas diversas áreas da vida, que nos damos ao prazer de não fazer, quando deveríamos fazer. Não agir, quando a ação assertiva, não a simples ação, faria toda a diferença naquele momento, e quem sabe, daria outro rumo em nossa vida. 

A preguiça como qualquer outro pecado capital, é também carregada de mentiras. E dessas falsas aparências, ela nos envolve e nos leva para outras instancias de pecados, como o mal da vaidade, por exemplo:

“E de tanto correr e parar, correr atrás de objetivos e ao mesmo tempo parar para olhar a mim mesma, canso-me. Entrego a preguiça a sorte da vaidade e de um esforço quase que incontrolável e por gula, deixo de ser preguiçosa. Volto aos objetivos, levanto-me e me percebo alimentada por outro desejo, o da vaidade. E por não me respeitar mais, já antes carregada de preguiça, desconhecendo meu lugar, corro atrás daqueles objetivos vaidosos.

Há preguiça em ser preguiçosa, principalmente quando a vaidade, escondida, disfarçada de uma clara objetividade e dedicação vem e engole a preguiça, revelando-me nesta luz de lúcifer, tão clara para estas trevas, tão suja de mim mesma, tão vaidosa.

            E a preguiça não mais é, porque a gula a devorou e agora só me sobra aquilo que estive sendo dentre meus três pecados favoritos: compulsiva e preguiçosamente vaidosa!”


Juliana Bumbeer

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

É agora, José!

E agora José?
Contou seus sonhos,
eles morreram de inveja.
E nesta morte, planejaram a tua.

E agora José?
Você também os traiu, 
quem disse que você será grande?

É por isso que eles te escondem e te afastam.

Fica quieto, José. Não se exponha.
Por que cantar antes do tempo,
se ainda precisa de tanto pra crescer?

Por que amargura, 
se no lugar de teus irmãos
talvez também fizesse o mesmo?

Olha pra teu sonho, José!
Há, José... por que a mágoa?
Agradeça. 

Pare de se expor aos outros
se neste momento é só pra Deus
a quem você deve dizer. 

Agradeça a dor e o sofrimento, José.
Até o momento de 
novamente te perguntarem:
E agora, José? 
É agora, José! 


Juliana Bumbeer

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Eu e meus muitos pedaços.

Estava andando na vida,
às vezes com fome,
outras, saciada.

Mas a fome voltava e me alimentava da fome.
Fomes sustentam outras fomes?
Angustiada comecei a me devorar.

Eu era uma em tantas partes espalhados
que fui me buscando
até me engolir pedaços por pedaços.

Eu, mais estas fatias, estávamos juntas,
comidas e coladas,
mas elas nunca me deram uma Inteira.

Minha Babilônia devastada,
origem deste pecado que ainda salivo:
nossas fome vaidosas
sempre serão estas misérias,

E de tanto comer a mim mesma, sumi.
E pra me encontrar, me desisti,
me esqueci
e me perdi.

No meu sumiço Deus me encontrou
e lá no meu caos Ele me viu jogada e vazia.
Com muito amor me chamou e
pegou meus pedaços perdidos.

Mas quando pensei que Deus fosse me juntar,
me espalhou por mais e mais extensões,
até que fiquei ainda mais espalhada
e mais esfomeada.

Pedi que Deus me desse de comer
mas Ele parecia me jogar pedras.
E quando quase estava morrendo,
pedi pela última vez:
_ Pai, dai-me de comer!

E agonizada olhei meus pedaços nos outros,
a fome e a dor dos outros.
Mas ainda havia saliva em mim.

E de tanta raiva que tive de Deus
e da fome que havia no mundo,
havia fome e raiva também nos outros,
esta dor e este ódio salivavam.

Pela pouca saliva que ainda havia
neles, fui cuspida!
cuspiram em Deus e cuspiram em mim:

E de tanto me cuspirem,
eu também os cuspi,
e percebi que cuspindo
também cuspia em Deus.

Mas Ele tomou aquelas misérias
e me tornou em bebida:
não sabia que tinha também sede,
de forma que até o escarnio e escarro dos outros
foram capazes de me saciar.

Parei de me olhar e os olhei,
e os amei.

E enquanto olhava e amava aos outros,
finalmente me vi saciada,

Então eu me encontrei,
fui e estou sendo encontrada todos os dias
a medida que me encontro em Deus.

Não preciso mais me juntar
quando sou uma inteira,
agora vou vivendo
e me espalhando nos pedaços dos outros.

O ser é ser no outro.

Eu não sou inteira 
senão meus outros tantos pedaços, 

Eu não me encontro 
se pelo amor aos outros não me alimento. 

Obrigada Deus,
por me repartir ainda mais,
e é com o outro que
me entrego e me junto.

Finalmente consegui me encontrar,
entendi que minha Inteira só acontece
quando me espalho e me reparto.


Juliana Bumbeer.