A
senhorita Peter Pan está feliz por deixar-se voar, viver em tantas possibilidades
também não a faz ser possibilidade de ninguém.
Uma
liberdade ardida, dói aos poucos e sem perceber fica sozinha, sem escolhas, nem
para escolher, nem pra ser escolhida. Isto não se refere ao namoro, mas a vida.
Esta
é a senhorita Peter Pan, ela pensa que sabe voar, mas nunca encontrou pouso,
nem para si mesma.
Tem
um ar de madura, mas não cresce na possibilidade de encontrar a liberdade que
há na responsabilidade de encontrar alguém, mesmo que este alguém pulse dentro
de si e nesta fome, insiste em nascer e voar.
Um
dia, quem sabe, a senhorita Peter Pan aprenderá a voar. Este vôo vai ensiná-la
a noivar e casar consigo mesma.
Mas
enquanto isto não ocorre, ela voa, perambulando por tantos caminhos que a prendem
em asas que assobiam para tantos ventos que nada alimentam, nem lhe dão pouso.
Lá
vai a senhorita Peter Pan, voa num lugar para ser, mas só encontrar lugares
para estar, num estado fugidio, apressado, sem espaço e sem vida. Sem ninguém.
Juliana Bumbeer