Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O sopro do mar

O mar quis ventar
e soprar para o verbo amar.

O mar de dentro
parece outro
no mar de fora.

Mar de sal
é maremoto,
agoniza e se faz de morto.

No mar de fora
não imagina ser mar de dentro.

Dentro e fora,
dois mares
que se tocam
e se encontram:

e o verbo deste mar
agora é amar.

morto é maremoto,
dois reclusos que
agora se misturam:

movimento em equilíbrio.


Juliana Bumbeer

terça-feira, 21 de julho de 2015

O desenho no céu

Meu Deus desenhista
pontilhou o céu com seus astros
e me deixou um lápis imaginário
para riscar a imensidão desse espaço.

Quando olho para o alto
Ele me ensina a desenhar a cruz,

Deus piscou seus olhos em quatro pontos,
em lua, estrela e planetas.

Seu abraço está sobre
minha cabeça,

a imensidão contempla
Sua glória. 

Juliana Bumbeer

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Cinco cantos da terra

Uma estrela é uma estrada
Suas cinco pontas revelam que
Na em nossa terra há o cinco:

Quatro cantos da terra
Quinto canto da música:
Musica, terra e estrela,

Tudo estrada, tudo caminho para dentro de si

Estradas estelares e  sinuosas,
Eu sozinha já caminho uma galáxia
Ilumina-se em mim a medida que vou me conhecendo

Meu quinto canto é o melhor caminho de terra que posso seguir.


Juliana Bumbeer

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O vento e o coração...

O vento sopra no coração:

Há um vento que o coração sabe dançar
nas batidas do Espírito.

O vento e o coração namoram
a espera um do outro.

Desejam ser um com o outro,
mesmo que pareçam inalcançáveis.

Um espera o outro discernir o tempo,
soprar e bater sentimento e sopro.

E o coração bater no vento,
e o vento soprar no coração...

Juliana Bumbeer

quinta-feira, 9 de julho de 2015

(des) geometrização divina

Ser aguda, ou obtusa?

_ Perpendicular aos agudos...
_ Tangente aos obtusos...

Que eu seja uma linha secante
ao ser que devo ser.

O Eu sou é perpendicular
aos meus pensamentos agudos,

secante aos obtusos,
e tudo e toda forma se reforma.

O plano bidimensional
se tridimensiona
e me multiplica:

A forma é deliciosamente disforme
nas mãos do criador,

quanta beleza
mesmo no Seu aparente caos.

Meu Deus é agudo e obtuso ao mesmo tempo,
único capaz de me tornar tangente
às minhas mais impossíveis secantes.

O impossível se fez forma
e habitou entre nós,

desenhou-me no improvável
e virei arte em suas mãos!

Beleza caótica da minha alma,
transcende meu ser,

minha desordem dança nas formas
de seus pensamentos,

suas imagens me curam
e me refazem.

Prefiro me entregar a ele,
linha livre,
nem reta, nem torta.

Plano?
que plano?
A forma e a estratégia está
na dinâmica geométrica Dele.


Juliana Bumbeer

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Jovem velho

O tempo parece que vai nos tornando mais complexos, quando muitas vezes estamos apenas carregados de nós mesmos.

Depois daquele momento em que passei dos trinta anos, enquanto já me sentia carregada de tantas experiencias, não dispensei sentimentos que deveriam ser esquecidos. Estas lembranças amarguradas foram jogadas para a dispensa de meus pensamentos, como se minha mente fosse cheia de compartimentos.

Sentia-me tão madura, quando na verdade estive acumulada de coisas, construí inclusive uma dispensa cheia delas e guardei todas esta bagagem para sempre relembrar. Lixo que deveria ser descartado. 

Fui parecendo mais prolixa, mas numa complexidade que é do adulto chato, que ao novamente se relacionar, abre sua dispensa e relembra das incertezas e inseguranças. Novamente se amargura e se fecha. 

Passei a descrever pessoas antecipadamente e a julgá-las com a perícia de alguém que já viveu muito e já aprendeu o suficiente com as perdas da vida.

Estive abarrotada de coisas, e assim, perdi a oportunidade de aprender novamente e quem sabe, conseguir me relacionar com mais intensidade. Até que esta falsa sensação de sabedoria me fez perceber o quanto tinha deixado de desfrutar de sentimentos pouco vividos ao lado de novas pessoas.

Enquanto eu parecia uma pessoa mais experiente, estive como muralha, tornando os outros incapazes de se aproximarem  de mim. 

Parecia mais sábia, quando na verdade carregava uma couraça de sabedorias prontas, como se esta aparente perspicácia me desse a capacidade de ter o meu próprio manual, justamente aquele que criei com o tempo.

Podia ter novamente me apaixonado, experimentado e vivido tanta coisa que só ficou no passado. Mas meu manual de "como saber lidar com pessoas" não me permitiu viver. Fiquei fechada, sentindo as coisas superficialmente, sem saber muitas vezes quem eu estaria me tornando hoje. 

Fiquei perdida, mas falsamente alicerçada às minhas antigas experiencias que me deram a impressão de sabedoria, perspicácia e complexidade na vida. E assim me tornei insuportável, até que tive a sorte de não me aguentar, de ser tão intragável para mim mesma que me matei! Decidi morrer intensamente para todas estas coisas pra reaprender a viver novamente.

Por isso houve uma esperança para mim, a da morte! Morri pra todas estas coisas e comecei a viver novamente. Vivi com mais simplicidade, menos exigências. Compreendendo que a dignidade está na honestidade em você ser livre o suficiente para não exigir tanto dos outros e de si mesmo. Decidi viver a vida sem expectativas antigas, sem aquela bagagem de quem já sabe muita coisa, antes que fosse tarde, antes que a minha bagagem pesasse tanto, a ponto de me desmoronar e ficar prostrada diante do meu peso existencial.

Uns acumulam faculdades, títulos de sei lá o quê. Outros, decepções amorosas e uma couraça contra os grandes e aparentes sentimentos. Há aqueles que acumulam coisas que julgam ser tão complexas quando na realidade são chatas o suficiente para não perder tempo aqui escrevendo; e por aí vai e se seguem os anos de nossas "experiencias".

Morra pra tudo isso e solte-se! Jogue o peso destes vazios para ser deliciosamente leve e novo para as oportunidades que se apresentam em nossa vida. Ser e sonhar com o que se constrói no agora, não naquilo que poderia ter sido, mas não é.


Juliana Bumbeer

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Harpa nos cabelos

A mulher toca harpa em seus cabelos,
pinta em cores notas que consonantes,
silenciam dissonâncias.

Seus cabelos soam como o vento,
suam as notas cansadas de melodias
que de tão tonais,
aos poucos vão perdendo o tom.

A mulher corta harpa em seus cabelos,
pensa melodias afastadas,
encontra-se enquanto se faz de cabeleireira.

...

A mulher corta e toca o silencio.
Seus cabelos, antes penteados,
depois raspados,
agora deixa-se ouvir melodias
dançadas por seu novo cabelo
que cresce agora despenteado:

Faz-se uma nova composição.

A vida continua,
a vida e o cabelo crescem,
 recomeçam,

A vida é melhor quando tocada e cantada
por cabelos embaraçados

que sabem caminhar dançando
enquanto ri dos embaraços da vida.


Juliana Bumbeer



sábado, 4 de julho de 2015

O desenho na palma da mão!

Sopra uma vida na palma da mão,
onipotência e onipresença se abraçam,

as mãos se tocam e entre elas lá estou
as linhas da mão divina me escrevem.

Uma vida é apenas uma imagem para Ele,
ou uma sequencia de quadros
que tudo vê.

"Todas as coisas cooperam"
e o onisciente desenha meu tempo,
recostura minha falhas.

A linha e a agulha  do onipotente
é força de uma costura que às vezes me despedaça
refaz em mão poderosa a pintura de minha alma.
Tece seu texto em minha pele e sua Palavra me desenha.

Palavra desenhada na pele,
meus segundos são suas páginas
e eu sou um livro em suas mãos.

Nas histórias tristes,
ele ainda é a caneta que me escreve.
Nas felizes, um artesão,
costureiro ou tecelão.

Desenha e me faz vestes
me cobre, me aquece, me aconchega
e me dignifica com sua beleza.
São nestes momentos de alegria ocorre o impossível,

Ele me traz à memória meus sofrimentos
e me lê novamente naquelas páginas angustiadas:
_  Os desenhos deste cenário também foram belos, minha filha,
"Todas as coisas cooperam"!

Magnífica presença em meu ser,
minha vida toda na palma de sua mão,

e seu olhar percorre
todos meus segundos de vida.

O agora para ele já foi. E será.
É para sempre.
E eu serei com Ele por toda a eternidade.


Juliana Bumbeer.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Alma, lama!

Enquanto a alma respirava apressada
sua vogal encostou-se.
Desatenta tornou-se lama.

_ Levanta, alma!
A alma ressuscita  e movimenta os passos
que pareciam ter morrido:

Sai da lama, volta a ser alma.
Alma lavada!

Juliana Bumbeer.