Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A dança de Van Gogh

Enquanto escrevo e poetizo a matemática, o amante do amarelo, Van Gogh, profeta de seu tempo, revelou em sua obra "Noite Estrelada" o que a matemática anos depois vai resolver: o problema da turbulência.

Não vou entrar neste tipo de turbulência, pois não sou matemática, mas o espanto às obras de Van Gogh estão agora em maior movimento:

"Van Gogh,
profeta do movimento
me presenteia com esta dança,
me ensine o teu amarelo 
pra que eu também possa ver
e aprenda a dançar 
na dança do desenho."



Juliana Bumbeer, aprendiz de amarelos vangoguianos

Música Oriental

para quem gosta de conhecer outras sonoridades, este link é interessante ao apresentar os instrumentos musicais do Japão:

http://www.japaoemfoco.com/instrumentos-musicais-tradicionais-japoneses/

E por falar em Japão, ouça esta roupagem com os instrumentos orientais, lindo!

https://www.youtube.com/watch?v=R3ra01YpnQI

domingo, 27 de agosto de 2017

“A cyber realidade de Armênia”

“A cyber realidade de Armênia”, de Juliana de Araújo Bumbeer
Armênia era uma menina da rede, odiava seu nome. Ela tinha nome de país, parecia também nome de remédio, doença, sei lá; não entendia por que seus pais tinham tido tanto mau gosto.
Para encontrar sua realidade, procurava outra “armênia”, porque aquela que parecia ser real estava quase sempre offline. Dentro daqueles bichos em que sempre viajamos, um desses ainda permanecia e tentava conectar-se à menina; então ela sentiu um leve prazer, porque alguém estava tendo a mesma dor que a sua, era uma espécie de companheirismo, mesmo que a “outra” estava sendo ela mesma; e é só na web que conseguimos recriar personagens dessa maneira. Tratava-se de uma realidade indeterminada, a cyber realidade de Armênia.
É por isso que, muitas vezes, a Armênia desprezava-se quando se pensava naquele tipo de pessoa que dizem ser real, mas são daqueles tipos bem desprezíveis, que não são realidade nem virtualidade, são conexões dessas duas necessidades; mostram-se muito menos palpáveis que seus amigos virtuais: o que é real e o que é virtual em você? São essas espécies de virtualidades, algumas boas, outras ruins, algumas no meio eletrônico, outras no meio humano, que é meio humano, meio degradação. Nesses dois meios, há redes que se conectam ou nos enchem de vírus; por isso, a razão de tanta violência, por isso alguns humanos se virtualizam para a pior espécie, porque querem fugir da sua realidade.
Sempre depois da aula, ela se criava na web, era onde Armênia encontrava seu lugar. Por mais que dissessem que isso tudo era virtual, essa existência a tornava muito mais perceptível que o mundo em que ela vivia. Se viver toma o sentido de existência, sua existência virtual é verdadeira; e a verdadeira, virtual. Estar online é encontrar-se numa outra Armênia, seja a do seu nome, seja a do país que ela nem sabe onde se situa: trata-se de um novo modelo de Armênia em que seu país podia entrar em outros cybers países.
Só nesse mapa virtual se pode colocar países dentro de países, pessoas dentro de pessoas, das quais se recriam e desaparecem. É o lugar não-lugar que a Armênia mais conseguia se encontrar. Assim, voltava-se a seu chat de amigos, e ela se descrevia por um momento numa outra Armênia; antes ela era a Armênia inexistente, seja em gente, seja na lembrança de um país, mas quando se conectava, compartilhava arquivos ocultos, pertencentes à Armênia online.
Ela se descobria numa pessoa que, aos poucos, estava nascendo nessa transferência de dados, mesmo que tivesse sendo inventada durante aqueles espaços virtuais. Mas a comunicação era instantânea e era uma realidade mais próxima que o espaço das salas reais, com aqueles olhares alheios; preferia os olhares virtuais a estes tão falsos. Na cyber Armênia, não precisava estar mais estranha, ela podia ser bicho, podia ser gente, podia ser o animal que fosse, sempre encontraria outros da sua espécie para se comunicar, mesmo que, para alguns meios de comunicação, isso tudo pareça inteligível, grunhidos cibernéticos seriam sempre comunicáveis na Armênia, no Paquistão e no Brasil. Então Armênia se reconhecia, matava a Armênia que diziam ser real e a Armênia mapeava a rede num espaço que lhe permitia expandir seu mapa, agora ela tentava encontrar em si mesma.
Assim, Armênia tornou-se um novo elemento químico, saiu da realidade do arsênio e se tornou o “armênio”, é um cyber elemento que sofreu uma reação quando se comunicou com outros cybers, formaram-se na interface de um composto químico mais existente e mais forte que daqueles encontrados na realidade do arsênio da tabela periódica das aulas de química. Agora suas impressões tomam outra dimensão e sua “força armênica” não precisa dos sentidos, mas é o próprio; só nessa forma de comunicação pode-se entrar em nossos sentidos para tomar outra dimensão: Armênia não era mais uma palavra, mas vários links, transformou-se no seu próprio hipertexto.
Se tudo que lhe aconteceu continuou sendo virtual, ou se ela realmente deu virtualidade ao que era real, ou se reconheceu a realidade no que ela acreditava ser real, não sei; mas ela encontrou a Armênia no mapa. Nesse mapa que encontramos na rede e que, para ela, era o seu grande encontro real. Encontrou, e a Armênia foi conectada. É por isso que a Armênia compreendeu seu nome e se orgulhou de ser também um país, uma rede de pessoas que se comunicam sendo apenas uma, uma Armênia que sente sendo um ser e não uma coisa, por mais que coisificam os espaços virtuais. Ah se conhecessem a Armênia nesse cyber espaço, os reais reveriam o conceito de virtualidade… dentro de uma pessoa, de um país, de várias delas, uma rede, um universo… num mapa desconhecido, num planeta com “armênio” como elemento químico…
publicado em 
https://www.scrittaonline.com.br/posts/dez-melhores-textos-cyber-realidade-de-armenia