Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

sábado, 29 de agosto de 2015

Preguiça de ser preguiçosa

Não é fácil ser preguiçosa. Às vezes tem que  ter força pra pensar e não fazer. A inércia é sim, deliciosa, mas submeter-se a ela também é um desafio. Este é infelizmente um dos meus pecados preferidos. Mas por isso, sei também que há muita preguiça em ser preguiçosa. Em não aceitar o desafio de continuar as iniciativas já encaminhadas e dizer "não quero mais".

Dormir diante da responsabilidade é também muito difícil, principalmente quando o trabalho se submeteu a preguiça e, preguiçosamente, você se esforçou. Não que este seja um esforço legítimo, mas houve um grande esforço. Vale também dizer que muitos de nossas labutas são também alimentados por preguiça, por puro prazer em não fazer o que deve ser feito. Mas isto é outro assunto da preguiça, para outro texto, porque a preguiça, justamente por ser tão reclusa, dá um imenso trabalho em escrevê-la e analisá-la em toda sua sutileza.

Vamos voltar a preguiça da preguiça, Ou ainda, ao disfarce da preguiça. Apesar do seu ou  do meu imenso trabalho, ela continua lá, mentindo-nos. Triste saber que quando faço determinadas escolhas, o melhor que tenho a fazer é continuar, pois há muita vergonha em parecer preguiçosa; antes para mim que para os outros. Então insisto em me esforçar, ainda que seja um esforço preguiçoso. 

Melhor parar por aqui, cansei de pensar sobre ela... Cansei de pensar sobre mim com ela, suas formas dependentes me prendem de tantas maneiras que parece não termos fim. 

Juliana Bumbeer



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Para pintar a alma

Para pintar a alma
pegue canetas coloridas,

seja ingênua o suficiente 
para desenhar transparências

e sem medo
revele a sutileza 
do que há dentro de si,

que por medo, 
maldade ou remorso,
há tanto tempo esconde.

Portanto, pinte a alma, 
para que haja cor e transparência suficientes 
para sua palavra cantar.



Juliana Bumbeer

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Saborosas vozes

Há canções que se soltam pelo vento,
profecias de um“lalaiá”,

que me fazem casamento,
piscam na dança do olhar.

E em segundos sobrevoam,
nesta voz que ama cantar,

meu cardápio é melodia,
me alimento ao cantar.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Falsos Jeremias

Onde estão os Jeremias, se ouço tantos lamentos? 
As manhãs foram afogadas em choros que duraram mais que uma noite,
não existe dia quando lágrimas regam apenas a noite de nossos vazios.

Que Jeremias sou eu, que choro só por mim mesma?
Meu Deus, como sou egoísta!
Meu choro é da lepra que eu mesma fiz em minha alma.
Que haja em mim caráter para se pagar o preço! 

Como crianças tomamos ainda um leite azedo,
Esquecemos de crescer,
enquanto nossas lágrimas afofam a cama
de uma alma tão amortecida pelos nossos interesses.  

O altar da nossa alma somos nós mesmos,
estes castelos caem e em ruínas lamentamos:
_ Onde está o Senhor, Deus?

Nossos castelos vão continuar ruindo,
até que haverá silencio após tanto caos e destruição
para que tenhamos a oportunidade de olhar para fora de nós.

Que meu choro seja agradável e santo ao Senhor,
pra que os anjos possam temperá-lo com incenso no altar.

Pra que Deus colha nossas lágrimas,
temos que aprender a ser verdadeiros Jeremias.  

Me faça entender que minhas lágrimas só podem ser lavadas com incenso
se realmente meus lamentos forem reconhecidos pelo Senhor.

Faça-me um verdadeiro Jeremias, de lágrimas e caráter!

Juliana Bumbeer


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Rubis no passeio público

Estava em Curitiba caminhando na altura do passeio público e lá avistei uma mulher encostada na entrada deste parque. Tinha cabelos cacheados, bem maquiada, sombra e batom vermelhos. A mulher me olhava como se não me olhasse, parecia esperar por algo, é o que muitos chamam de profissionais do sexo. Por trás daquele olhar quase inexistente, havia um livro a ser descoberto. Textos que nunca foram escritos, mas que no coração daquela alma feminina havia um enorme desejo de se revelar. Justamente aquela que se expunha e se vendia sexualmente, era um livro fechado, virgem às carências humanas. Uma prostituta virgem de afeto. Emocionalmente retraída, talvez por ter sido tão machucada. Quem sabe ela nuca tenha tido a oportunidade de certos afetos que muitos dizem, dignos apenas das “mulheres virtuosas”. Daquelas mulheres que excedem aos rubis, como diz no livro de Provérbios 31:10.  
O que me intriga é esta pergunta que ouço dentro de mim: por que esta profissional do sexo não pode ser vista como um rubi? Uma mulher virtuosa, já que é preciosa aos olhos do Senhor? Os olhos da fé que me olham pecadora e me reconciliam na cruz é o mesmo olhar dado àquela prostituta que Cristo olha como um rubi. Sim, um rubi! Ainda sujo, talvez pelas dores da alma. Mas ainda assim, um lindo e precioso rubi. Tão potencialmente virtuosa como qualquer cristã, mãe e esposa das famílias mais ajustadas emocionalmente, segundo os olhares humanos.
Agora mesmo eu avisto o olhar de Cristo, que brilha vermelho em mim, pelo poder do seu sangue. O mesmo olhar que me lavou e continua me lavando das minhas trevas. A cor vermelha pintada na boca e nos olhos daquela prostituta se transforma pelo poder que há no sangue derramado na cruz de Cristo. Nos olhos de Cristo a cor do pecado se transforma na cor da redenção. Rubis no passeio público? O que?! Aquelas prostitutas? Sim! Lindos rubis, preciosas ao Senhor, com a graça de serem tão ou ainda mais dignas que muitas “boas moças” que a sociedade já construiu, porque é a cruz que me transforma, muito além das circunstancias.
Que o vermelho dos meus olhos seja da cor do sangue de Jesus, não do olhar de reprovação ao julgar o pecado do outro. Que os meus olhos sejam dois pontos vermelhos brilhantes, dois rubis preciosos, purificados pelo Espírito Santo. Dois olhos que precisam desesperadamente serem lavados todos os dias pelo brilho de Cristo, o mesmo capaz de transformar qualquer cor do pecado em cor de redenção.


Juliana Bumbeer 

domingo, 2 de agosto de 2015

Receita para tecer janelas


Para encontrar as janelas dos seus olhos,
tome dez beijos estralados
com as cores desenhadas
no universo das tuas manhãs
e salpique com o seu sorriso mais intenso,

depois pegue 5 sóis de olhares sonhadores
e leve ao sol do seu “céu olhar”.

Misture tudo e leve ao forno
dos desejos em alta temperatura

até que haja banho de luz suficiente
para tecer janelas em cada uma de suas pupilas.

Pode ser degustada em vários momentos,
receita que rende 24 pratos,
um prato saboreado a cada hora do dia.

Dependendo da quantidade da fome,
a receita pode ser degustada a dois,

nesse caso os 24 pratos rende um único banquete,
devendo ser acrescentado o molho de toque
e a pimenta do arrepio;

por fim, levem-se ao forno na temperatura
que for a desejada,
não é bom comer frio porque pode perder o sabor.

texto- Juliana Bumbeer 

ilustração- Juliana Bumbeer