Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

País descalço




Meu país anda descalço,
perambulando pelas esquinas de seus estados,
a procura de uma rua, uma esquina desejosa de calçá-lo.

Vou chamar Vinícius para cantar nos fios de seus cabelos,
e enquanto esta trama for desembaraçada,
em verde amarelo o calçaremos.

Juliana Bumbeer

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Receita pra se multiplicar

Pra me multiplicar não preciso encontrar meus duplos, refazer-me noutros seres criativos. Minha extensão é tão pequena quando olho pra meu umbigo, que fico vesga na proposta desesperada de encontrar meu "foco". Quem realmente se encontra é capaz de sair por aí, ao encontro do outro. Pra me multiplicar eu preciso dos olhos do outro, da raiva, medo ou alegria ao ter coragem de olhar para 
os lados. 

Receita pra se multiplicar? Olhe e estenda o seu Eu de maneira que ele fique tão amplo que nem mesmo você consiga se alcançar, porque ajudar o outro é multiplicar a si mesmo.

Juliana Bumbeer

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Borboletras



Vem letra, "borboletra" em mim.
Vou sentir asas de novas palavras,
sempre frescas, balançando em nossa garganta gráfica.
Cheia de fonemas, vamos saindo do casulo até...
"Borboletrarmos"!

Juliana Bumbeer

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Espelho sem fim

O outro não passa de mim mesma. Projeto o ódio. Adoro e odeio. Por  que me incomodo tanto, se os tantos outros se concentram no mínimo no Eu? E por que esse eu é tão maiúsculo e o outro tão minúsculo, quando os dois tem apenas uma grandeza? Eu quero o tamanho do outro, mas é pelo olhar do infinito que sou verdadeiramente medida...

Juliana Bumbeer 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Pontuações em crise

Sofremos reticências, na esperança de torná-las pontos finais. Somos constelações de pontuações,todas deformadas, assimétricas, desconhecendo seus papéis. Por que como atores ficamos  na platéia, fugindo de nossos personagens? Temos medo da "merda", da loucura que é ser você mesmo quando estamos carregados de toda intensidade de nossas pontuações. Gostamos de trocar os papéis: as exclamações morrem, as interjeições não existem e quando só cabe espaço para reticências, insistimos em pontos finais. E nesta altura já nem sei se as frases que termino se fecham em ponto final ou se formo com elas uma interrogação deformada. Falsa metáfora de mim mesma. 

Juliana Bumbeer.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Pra ser gente

Gente é muito bom. Gente que não gosta de gente precisa se olhar no espelho. Tenho esperança de ser bem gente um dia, dessas gentes difíceis de se encontrar por aí. Gente é lápis de cor, desenha-nos em traços que nunca compreenderíamos. É pintura, traz pinceladas que movimentam sorrisos que nunca teríamos. É música, faz conosco harmonias que nunca ouviríamos; é cinema, vem enfeitadas de histórias, trazendo momentos que nunca viveríamos. Gente traz sentido no que nunca teve tanta graça. Cada ser humano é um universo com estações próprias, cheiro e flores únicas, só encontrados nestes olhares. Gente é culinária, tem sabores de vidas que nunca teríamos o prazer de sentir e que nos alimentam. Quem se dá ao prazer de conhecer o universo do outro se dá ao direito de ter partes de universos dentro do si. Gente é melhor que viagem, nos abençoa com leitura de caminhos que nunca percorreríamos sozinhos. Gente tem que ser junto, é mapa de um caminho que só será percorrido quando entendermos o olhar do outro.  Por isso minha meta para 2015 é ter gentes por perto pra melhor pintar, desenhar, cantar, compor, viajar, me alimentar e fazer cinema. Enfim, ampliar meu universo para melhor me olhar no espelho. Eu sou o desejo do outro ampliado e projetado dentro de mim, então que eu seja gente, bem gente, capaz de ser a gente que eu quero ter sempre por perto.

Juliana Bumbeer.