Caminho pelas ruas,
estou invadida pelos leprosos,
mas a lepra da minha alma
não me permite percebê-los.
Tenho uma lepra esfomeada,
coço e como estas feridas do
coração.
Não sinto mais dor, sinto fome
em ferir e despedaçar os outros
enquanto me corto com cacos de
vidro.
Feridas da alma que me rasgam
guardo estas lembranças em cacos,
pedaços lambidos, coçados,
sangra por toda a lepra do meu coração.
Eu estou em pedaços, desfigurada,
não sinto mais minha doença,
já amortecida meus olhos não veem
os leprosos de hoje que sangram
corações.
Escolho me coçar com os estilhaços
dos outros,
ressuscito estas mortes egoístas,
nego a ressurreição de Cristo em
mim.
Nego a cura dos leprosos que em
chamas,
clamam pela água do espírito que
há na minha boca.
Mas minha saliva foi contaminada,
vomita um sangue apodrecido,
queima e seca a água do espírito,
mata a profecia por uma fala mastigada
pela lepra
prefere coçar e fatiar a língua
que proferir a cura de curar e
ser curada.
E assim continuo leprosa de
espírito,
com meu cristianismo contaminado
de cacos de vidro,
sangue mofado que não dói mais,
pedaços do coração que não quero
curar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário