Conheça os projetos da "Palavra Desenhada"

Letrívoras

Projeto da Palavra Desenhada- produção e processos em escrita literária.
Resenhas, prosas, poesias e devocionais.
Acompanhem! (desde janeiro.2015 até agora)
Toda honra e glória a Deus. Venha o Teu Reino, volta logo, Jesus!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"Sobras" que desengorduram

Ele a viu gorda, acompanhada pelas ondulações que pulavam no vestido enquanto caminhava. Branca, despenteada e cheia de sobras. Feia, segundo sua compulsão pelo ser feminino. Mas não se sabe por que, as "sobras" da moça desengordurou o olhar do coração dele, antes entupido pelo padrão de beleza. Quase enfartou olhares entupidos de uma estética planejada, mas foi salvo por aquela moça. Ela e ele se desengorduraram, ela da decência planejada e feminista e ele da pornografia embaçada, siliconada e sofrida. E os dois se curaram com seus corações frágeis, distintos mas famintos de se conhecerem e se conheceram nos olhos um do outro. Estavam nus, e com toda liberdade não se envergonharam. Se encararam com a indecência de ser o que eram, e todas as inseguranças e medos ficaram maiores, nítidos e entregues um ao outro. Essa transparência trouxe paz e alegria, além de um desejo enorme de se consumirem e consumarem, sem medo de suas sobras. 

Juliana Bumbeer.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O peso do nada

Os "nadas" pesam, insuportavelmente no clamor de uma alma carregada de vazios. Que sejamos capazes de nos lavar dos nadas, por meio da plenitude leve e descarregada, capaz de absolver nós mesmos. Eu peso um vazio insuportável e quantas vazes não me suporto. Nadas são tão grandes que tomam espaço até mesmo das aparentes presenças. Mas quem nunca esteve ocupado com seus vazios? Quem nunca esteve cheio de si, que encontre na paisagem da alma uma pedra capaz de acertar as minhas e tuas ausências. Espero-me na leve presença que me fará  dançar  de tal maneira  até  não existir espaço para vazios.

Juliana Bumbeer



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Risos precisam de abraços

Risos escancarados andam muito fáceis. Carregados de "bons dias" e "tudo bens"', mas com a boca aberta estão cheios de fomes. São tantos risos e de tantos tipos que nunca sabemos se ele será dado ou se será arreganhado, implorando um prato de comida. A pessoas perderam o riso do sorriso, ficaram desconfiadas, rindo numa boca solitária de só risos. Quem sabe nossos sorrisos precisam de abraços, basta que a gente consiga estar junto de nós mesmos e nos deliciar secretamente desta alegria. O dono de um sorriso precisa estar verdadeiramente junto de si, não como quem ri e se abre de fome, na busca da comida do outro, mas como quem ri e se abraça, como quem ri e alimenta o outro na troca desse sorriso. Mas risos alimentados e bem abraçados como estes, hoje em dia, andam muito difíceis. Como temos fome desses sorrisos!  Já estamos cansados de rir os risos fáceis, que não podem ser alimentados porque estes querem na verdade nos devorar. Chega destes risos vampíricos. Que venham os risos que nos abraçam. E que nossos sorrisos consigam abraçar alguém.

Juliana Bumbeer.