Viver
em tantas possibilidades também te faz não ser possibilidade de ninguém. Uma
liberdade sem objetivos te faz ficar sozinho, sem escolhas nem pra ser
escolhido. E isto se refere a qualquer área da vida. Uma das mentiras que mais
me seduziu foi carregar uma aparente solicitude, que era nada mais, nada menos,
que falta de propósitos.
Esta
falta de objetivo é a nossa mente preguiçosa que prefere ir vivendo enquanto
ainda há outros que estão escolhendo. Não que tenhamos que viver preocupados, e
há focos tão maldosamente certeiros que nos tornam cegos. Porém, por outro lado
nossa falta de objetivo nos faz alvo de todos os lugares, bons e ruins, sem nos
dar clareza e discernimento sobre os tais.
Se
não tenho flechas, as que a vida me entrega não são nem melhores nem piores; se
eu não tenho objetivos claros, sou a possibilidade de qualquer um, ou de
qualquer coisa. Aceito tanto o sim quanto o não, como se ambos me dessem a
mesma resposta.
Amo
possibilidades, abertura, liberdade espaçosa. Ser espaçosa tem muito de suas
vantagens, mas há também aquele espaçoso egoísta, quando ao querer o espaço do
outro, dou também abertura para me invadirem. Então percebo que há coisas na
vida que preciso fechar; amarrar, nutrir, costurar pra depois abrir.
Que
minha multiplicidade seja das coisas criativas, mas que coisas sejam apenas
coisas, específicas a ponto de delimita-las e nomeá-las, para quem
sabe, deixar que elas entrem em minha vida.
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