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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Conselhos para cigarras e formigas

Não aprendemos a valorizar a arte, ou pelo menos no sentido prático da palavra. É bonito contemplar a imagem do artista em seu atelier, ou com seu instrumento musical, ao menos que isto gere lucro. E mesmo que lhe renda dinheiro, este valor precisa ter o peso do mercado, caso contrário não é trabalho. A formiga que o diga.

         Formigas vivem ensinando cigarras a viverem mais centradas, segundo o padrão do que se deve gerar a sociedade. Então a diversão aliada ao trabalho torna-se algo quase obsceno, alvo de inveja ou cobiça retraída, mas em alguns casos, de mera ignorância, porque nos ensinam que prazer e trabalho não se misturam.

       Pense na formiga trabalhando, ela passa horas para conseguir sua comida, um esforço que muitas vezes chega a fadiga. Visualize agora um arquétipo que valha pra qualquer artista, a cigarra; suas horas são de riso, aquele riso prazeroso e constante enquanto se diverte cantando e tocando.

     Inaceitável!? O prazer aliado ao trabalho é algo quase que proibido. Então a cigarra, por mais que se esforce, por este ser também prazeroso, acaba sendo desmerecido em relação a formiga.

Se pudesse dialogar com formigas e cigarras lhes diria o seguinte:

      Formiga, aproveite a beleza da cigarra, por mais que ela tenha esta aparência leve e prazerosa, não significa que não trabalhe ou que seu trabalho seja menos digno. Saiba que ela se esforça e enfrenta muitas dificuldades. Num duelo sociológico entre cigarras e formigas, a formiga sempre ganhou ao longo da história. Então, se a cigarra já está estigmatizada, não piore a situação dela. Você também pode ser uma cigarra retraída ou em parte cigarra. Volte a cantar e dançar como antes, quem sabe a raiva que tem da cigarra é saudades de si mesma no passado. Liberte os preconceitos pra ter ouvidos que escutem as melodias da cigarra. Esta música pode te curar e te levar a se alimentar deste som.

      Cigarra, aprenda com a formiga o hábito de trabalhar com o que recebeu como dom. Mas isso não significa que não possa em alguns momentos ser como a formiga e não se sinta mais privilegiada que ela só porque sabe cantar. Não inspire inveja ou cobiça alheia, cada um precisa desenvolver o que recebeu, com alegria e plenitude. Por mais que seja prazeroso, o seu canto é também um trabalho e te exige esforço concentrado. Não o desmereça como sendo qualquer coisa, pois se você se concentra tanto tempo com a arte que há em ti, ela a qualifica e se aperfeiçoa em você.

Quer seja formiga, quer seja cigarra, ou um pouco de cada, que saibamos o quem somos e o que temos. Mas sejamos nós mesmos, felizes e plenos, sem desprezar ou desmerecer ninguém.

Palavras de uma cigarra, mas que tem aprendido com formigas e cigarras bem resolvidas...





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